Rio de Janeiro, 4 ago (Xinhua) -- Rio de Janeiro, o estado mais turístico do Brasil, registrou no primeiro semestre deste ano, 3.457 casos de morte violenta, o maior número desde 2009 (3.893) e cerca de 15% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), braço estatístico da Secretaria de Segurança Pública, contabilizou homicídios intencionais, roubos seguidos de morte, lesões corporais seguidas de morte e os homicídios por resistência à intervenção policial.
A região que registrou maior aumento de violência foi a Baixada Fluminense (23%), situada na área metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, formada por 13 municípios, com um total de 3,7 milhões de habitantes.
Os dados oficiais confirmam a sensação de insegurança em um estado que está atualmente reforçado por policiais da Força Nacional de Segurança e de militares das Forças Armadas.
O governo brasileiro anunciou na última sexta-feira o envio de 10.240 militares e policiais para a região a fim de conter a onda de violência que assola o Rio de Janeiro, que há um ano foi sede dos primeiros Jogos Olímpicos. Segundo as autoridades, os reforços deverão permanecer no local até 2018.
O estado do Rio de Janeiro sofre de uma grave crise econômica, provocada pela queda dos preços do petróleo, cujos royalties eram uma das principais fontes de receita, e da grande rede de corrupção criada pelo governo anterior que desviou centenas de milhões de dólares e obrigou as autoridades a declarar no ano passado o estado de calamidade financeira por falta de recursos para cumprir as obrigações do governo, entre elas o pagamento em dia dos funcionários públicos.
A falta de dinheiro levou também a uma redução da presença de agentes policiais nas ruas, coincidindo com o aumento da violência.
Nos primeiros seis meses de 2017, 92 policiais foram assassinados no Rio de Janeiro, onde também foram registrados mais de 3.200 tiroteios e uma elevação no número de roubos e assaltos.
Na semana passada, após mais um tiroteio no bairro de Humaitá, até há pouco tempo uma das regiões mais tranquilas da zona sul do Rio, um cidadão definiu para a Xinhua como estava se sentindo: "Aleppo é aqui", em uma alusão à violência que ocorre na Síria.