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Artista visual português Vhils apresenta exposição individual “Imprint” em Beijing

Fonte: Diário do Povo Online    01.07.2017 11h04
Artista visual português Vhils apresenta exposição individual “Imprint” em Beijing
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Por Mauro Marques e Alexandra Chen

O português Alexandre Farto, conhecido no mundo artístico por Vhils, compareceu esta sexta-feira no CAFA Art Museum, em Beijing, para a inauguração da exposição “Imprint” — a primeira em nome próprio na capital chinesa.

Vhils conta já com um amplo espólio de criações artísticas, com especial destaque para o número substancial de retratos exibidos em fachadas de edifícios e locais públicos. Estes surgem como resultado da combinação arrojada de uma miríade de instrumentos e materiais não convencionais.

A temática da série “Imprint” procura, como o próprio afirma, “conseguir um momento da cidade […] e criar estas imagens que param o seu ritmo e que nos fazem olhar para ela de maneira diferente. Ao olhar para ela estamos também a olhar para nós. A ideia é refletir no impacto que a urbe tem sobre nós enquanto cidadãos”.

As obras expostas no CAFA Art Museum no âmbito desta série debruçam as suas atenções, precisamente, sobre a capital chinesa.

O artista apela à consciencialização para as consequências da homogeneização cultural, patente nas grandes cidades do século XXI, fenómeno que surge de mãos dadas com o processo de globalização, pondo em causa “a sustentabilidade desse modelo”. Contudo, enfatiza, “não é uma crítica”, antes uma “reflexão” sobre a questão.

“Desejo que daqui a 5, 10 anos [a obra] nos faça refletir sobre a evolução das coisas, e, ao mesmo tempo, a maneira como, em comparação com outras cidades, se conseguem encontrar parecenças e diferenças”.

Beijing não se afigurou para Vhils como uma cidade de difícil abordagem, referindo-se o artista à metrópole como “uma cidade não só muito característica”, mas também “pela forma como fomos recebidos pelo CAFA e pelas pessoas em geral”.

As dificuldades que poderiam advir de trabalhar num país (ou continente) de matriz cultural profundamente adversa, face às suas raízes, foram desmistificadas pelo facto de que “trabalhar com a linguagem visual parte logo uma série de barreiras em termos linguísticos”. Contudo, o autor deixa a ressalva de que, ainda assim, as interpretações possam ser díspares, devido ao contexto cultural diferente.

“Gosto que as pessoas tenham a liberdade de conseguir tirar a sua interpretação e verem a história do trabalho como quiserem”.

Alexandre Farto confessou o seu interesse pelo panorama artístico chinês, elegendo Liu Boli, Zhang Dali e Li Hongbo como as suas principais referências no país asiático. “Acho que esta última geração de artistas chineses tem sido muito forte. Não só no trabalho, mas também na projeção que têm a nível global”, constata.

A exposição congrega um conjunto 70 blocos de pedra talhados, nos quais tomam forma rostos e ambiências, com recurso à sua distintiva técnica de escultura em baixo-relevo e erosão das camadas superficiais da pedra.

A China não se trata de um território alienígena para o artista, sendo que já o pisara anteriormente, com apresentações do seu trabalho em Shanghai, Hong Kong e Macau. Merece destaque este último, devido à criação de um mural do renomado poeta português Camilo Pessanha, inaugurado no final do ano passado, no jardim do Consulado de Portugal em Macau.

Curiosamente, aproveitando a passagem do artista pela capital chinesa, a embaixada de Portugal na China passou também a alojar no seu perímetro, nomeadamente na fachada da secção consular, um retrato de uma jovem chinesa anónima de Beijing, assinada por Vhils.

A adição desta decoração sui-generis foi alvo de elogios da parte de Jorge Torres-Pereira, o embaixador português: “De agora em diante [o retrato] enriquece o património artístico da embaixada”.

A exposição “Imprint” estará aberta ao público até ao dia 23 de julho, na galeria 3B do CAFA Art Museum, em Beijing. 


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