Português>>China

Iniciativa do Cinturão e Rota aproxima China e países latino-americanos

Fonte: Xinhua    15.05.2017 14h15

Por Bi Yuming e Rafael Lima

Beijing, 15 mai (Xinhua) -- O Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Hussein Ali Kalout, afirmou em uma entrevista à Xinhua no domingo, em Beijing, que a cooperação Brasil-China é ampla e que a iniciativa chinesa do Cinturão e Rota deverá aproximar ainda mais os dois países.

O Forúm do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional está sendo realizado nos dias 14 e 15 em Beijing, capital chinesa. Presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Chile, Michelle Bachelet, além de representantes do Brasil, Uruguai e outro países latino-americanos assistiram ao evento. Apesar de uma distância geográfica muito longa, a Iniciativa do Cinturão e Rota está aproximando a China aos países latino-americanos.

CONSTRUÍNDO CONSENSOS

A iniciativa do Cinturão e Rota se refere ao Cinturão da Rota da Seda e à Rota da Seda Marítima do Século 21, e foi proposta pela China em 2013.

Depois que a Iniciativa do Cinturão e Rota ganhou grande atenção na América Latina, vários países na região expressaram a vontade de participar, apesar de não estatem ao longo do Cinturão e Rota.

Em 10 de maio, o porta-voz da chanceleria chinesa, Geng Shuang, disse que a Iniciativa é aberta e abrangente, e que a China dá as boas-vindas para a participação ativa dos países latino-americanos na cooperação internacional do "Cinturão e Rota", ao fortalecer a coordenação das estratégias de cada país e cooperação prática em várias áreas, e espera que a Iniciativa do Cinturão e Rota traga melhor cooperação China-América Latina e prosperidade e estabilidade mundiais.

Em 2014, a China e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) criaram o Fórum China-CELAC, mecanismo para coordenar a cooperação entre a China e os países latino-americanos com um conjunto. Em 2016, a China publicou a segunda edição do Documento sobre a Política da China para a América Latina e o Caribe, planejando de maneira abrangente a cooperação com a América Latina.

Guo Cunhai, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências Sociais, indicou que é natural que presidentes e ministros de países latino-americanos vieram à China para participar do Fórum. Nos últimos quatro anos, o presidente chinês visitou a América Latina por três vezes durante quatro anos, e propôs construir a comunidade de futuro compartilhado China-América Latina. Em 2015, o Fórum China-CELAC divulgou um plano de desenvolvimento de cooperação para 2015-2019, sugerindo conceitos e medidas bem conforme com a ideia de "abordagem de cinco níveis". "Por isso, dizemos que a cooperação China-América Latina combina com as ideias do Cinturão e Rota."

APROVEITANDO OPORTUNIDADES

Antes de vir à China, Macri e Bachelet expressaram, em diferentes ocasiões, suas expectativas com o Fórum. Segundo Macri, a Iniciativa do "Cinturão e Rota" pode ajudar a promover intercâmbios e conectividade entre a Argentina e a China, e espera que neste âmbito os dois países possam continuar promovendo a cooperação e aprofundando a amizade. Bachelet manifestou que o "Cinturão e Rota" é uma oportunidade histórica.

Apesar da longa distância geográfica entre a América Latina e a China, a Iniciativa do Cinturão e Rota parece igualmente atraente para os países latino-americanos, como para outros países.

A Iniciativa chinesa do Cinturão e Rota abre um novo capítulo no desenvolvimento econômico mundial e pode beneficiar tanto o Brasil como os demais países da América Latina, disse José Medeiros da Silva, cientista político e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, em Hangzhou.

Em uma recente entrevista exclusiva concedida à Xinhua, José Medeiros, que vive na China por quase uma década, se mostrou otimista em relação à iniciativa: "A Iniciativa chinesa do Cinturão e Rota criará novas oportunidades que, se bem aproveitadas, podem ser benéficas tanto para o Brasil como para os demais países da América Latina. Ela não pode ser ignorada por nenhum país, especialmente pelo Brasil, que apesar da crise política em curso, continua a ser o maior ator econômico de toda a América Latina".

Segundo dados do Ministério do Comércio da China, entre janeiro e março deste ano, as empresas chinesas investiram US$ 2,95 bilhões nos 43 países ao longo do Cinturão e Rota. Desde 2013, a China investiu mais de US$ 50 bilhões nos referidos países.

Na opinião de Wang Xiaoyuan, ex-embaixador chinês na Costa Rica, Uruguai e Colômbia, os países latino-americanos, em sua maioria, são países em desenvolvimento e economias emergentes. Devido à crise financeira global nos anos recentes, a situação econômica da região registraram menos crescimentos ou até quedas. E nesta situação, países latino-americanos começaram a olhar para a China e esperam aproveitar o crescimento chinês para sair da sombria econômica. "Estamos num mundo de globalização aprofunda, e os países podem compartilhar os benefícios trazidos pela iniciativa", disse Wang.

CRIANDO FUTURO COMPARTILHADO

Wang assinalou que a Iniciativa do Cinturão e Rota promove a coordenação de políticas, conexão de infraestruturas, comércio livre, convertibilidade da moeda e laços mais estreitos entre as pessoas. E nestes cinco aspectos, a China e a região da América Latina já estabeleceram bases sólidas. "A região latino-americana tem grande potencial em cooperação com a China. Creio que a participação da região pode dar grande contribuição para a construção do 'Cinturão e Rota'."

Por outro lado, Guo Cunhai assinalou que a Iniciativa do Cinturão e Rota é uma proposta importante para cooperação internacional, e demonstra um novo conceito de cooperação internacional, que se integra e complementa os existentes mecanismos entre a China e a América Latina.

Wang, porém, indicou que as duas partes devem aumentar ainda mais intercâmbios entre populações. "Apesar dos nossos esforços, incluindo o estabelecimento de Institutos de Confúcio em mais de dez países latino-americanos, os povos não se conhecem bem devido à longa distância geográfica e diferenças em política, religião e cultura."

Ele sugeriu promover o desenvolvimento de turismo e intercâmbios entre os povos da China e os países latino-americanos. "Mais de 100 milhões de chineses passam férias no estrangeiro, mas apenas 100 mil até 200 mil chegaram à América Latina", explicou Wang, acrescentando que os dois lados devem tomar medidas ativas para encorajar visitas turísticas, a fim de melhorar entendimento e amizade entre os povos.

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar: