Homem passa por construção com o logo da Odebrecht em Caracas, na Venezuela
A operação brasileira “Lava-Jato”, iniciada em 2014, se estende já a vários países.
O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, foi capturado no dia 9 de fevereiro, sendo acusado de receber 20 milhões de dólares em propina da construtora Odebrecht.
A investigação ao gigante de construção abriu “a caixa de Pandora”, envolvendo vários órgãos públicos e políticos da América Latina.
O processo “Lava-Jato” constitui a maior operação anticorrupção na história do Brasil, visando a investigação de casos envolvendo a Petrobras, que é suspeita de levar a cabo negócios ilegais com várias empreiteiras de construção no país.
Com o aprofundamento da investigação, dezenas dos políticos brasileiros passaram a estar envolvidos no caso.
No fim do ano passado, a troca da licitação das obras, mediante o pagamento de propina, se tornou público.
A Odebrecht, fundada em 1944 em Bahia, no norte do Brasil, estende seus negócios até 25 países.
Segundo informações divulgadas, a empresa tinha um “departamento de propina”, responsável pelo pagamento sistemático a políticos de vários países.
No ano passado, a companhia confessou em um tribunal federal nos Estados Unidos ter propinado 788 milhões de dólares a funcionários de 10 países latino-americanos, incluindo a Argentina e o México.
Toledo foi acusado de receber propina da Odebrecht durante o seu mandato, entre 2001 e 2006.
Em resposta, a empresa brasileira venceu o concurso para a construção de uma autoestrada que liga o estado do Acre ao sul do Peru. No entanto, Toledo refutou essa acusação em uma entrevista.
O atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, afirmou desejar que a empresa termine o trabalho no Peru.
Em 2013, a Odebrecht transferiu cerca de 600 mil dólares em cinco parcelas para uma conta do agora diretor da Agência Federal de Inteligência (AFI) da Argentina, Gustavo Arribas.
Além disso, a Odebrecht admitiu pagar 35 milhões de dólares em propina aos oficiais da Argentina.
Tais escândalos são relativamente recorrentes na América Latina. A troca de contrato mediante o pagamento de propina é considerado um negócio normal entre políticos e empresários locais.
Para a imprensa local, o envolvimento de vários políticos no caso da Odebrecht dá um sinal positivo, mostrando que a política e comércio estão sendo submetidos à supervisão da procuradoria, público e imprensa.
Em uma entrevista aos meios de comunicação, Andrés Hernández, subdiretor executivo da Transparência Internacional na Colômbia, afirmou que isso significa menos tolerância à corrupção. “Os fatos tornados públicos demonstram o progresso obtido na luta contra a corrupção, ” afirmou.