A embaixada japonesa no Reino Unido permaneceu em silêncio um dia após a publicação de uma reportagem detalhada, na qual é referido que a instituição estaria a pagar a um think tank britânico para emitir propaganda anti-China.
Um oficial da embaixada japonesa em Londres confirmou, na segunda-feira de manhã, ter recebido uma carta proveniente da agência de notícias Xinhua, com o objetivo de obter a confirmação e comentários sobre os dados expostos na reportagem de 29 de janeiro do The Sunday Times.
Até ao momento a embaixada nipónica ainda não se pronunciou sobre o sucedido.
O jornal supracitado avança que o Japão tem vindo a efetuar pagamentos mensais de 10,000 libras a um think tank britânico, para hiperbolizar um suposto conceito de “ameaça chinesa” no seio dos políticos proeminentes do país.
A reportagem refere que a embaixada japonesa chegou a acordo com a Henry Jackson Society, uma instituição de caridade, para secretamente levar a cabo ações de propaganda contra a China.
Um porta-voz da Henry Jackson Society, em declarações à Xinhua na segunda-feira, disse que a instituição trabalha juntamente com organizações e governos no sentido de promover a democracia liberal, os direitos humanos e a segurança internacional.
O porta-voz recusou-se a comentar relativamente ao alegado acordo financeiro com o Japão e à relação deste com a promoção da democracia e direitos humanos.
“Não podemos revelar detalhes específicos. A nossa posição é bem conhecida e continuará a ser a de apoiar os valores pelos quais as sociedades livres e democráticas se regem”, afirmou o porta-voz.
Os meios de comunicação britânicos afirmam que o acordo financeiro surge como resposta à crescente cooperação entre a China e o Reino Unido.
No fim-de-semana passado, o ex-Secretário de Estado do Reino Unido para os Assuntos Externos, Malcom Rifkind, confirmou que a HJS, fundada em 2005, havia proposto a inclusão do seu nome num artigo publicado pelo Daily Telegraph em agosto passado, no qual foram expressadas preocupações relativamente ao envolvimento da China na central nuclear Hinkley Point C britânica.
O artigo, intitulado “Como a China poderia apagar as luzes da Grã-Bratanha numa crise, se os deixarmos construir a Hinkley C”, levantou temores de que “ninguém sabe que tecnologias poderiam secretamente ser introduzidas na construção da central”.
O Sunday Times afirma que a guerra secreta de relações públicas que o Japão leva contra a China reflete a preocupação de Tóquio relativamente à “década dourada” de cooperação sino-britânica.