Os analistas chineses acreditam que o presidente norte-americano Barack Obama tornou as relações sino-americanas “suaves”, ao invés de colocar tensão adicional.
Os comentários surgem numa altura em que Obama se prepara para abandonar o cargo de presidente norte-americano, após se manter no cargo por 8 anos.
“Embora Obama tenha adotado uma postura relativamente dura para com a China nos últimos 2 anos, sem ele, a China teria que enfrentar uns EUA mais desafiantes”, considerou Liu Weidong, investigador no Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Embora Obama tenha visitado a China antes de perfazer um ano após assumir funções, em janeiro de 2009, a relação entre os dois países foi pautada por altos e baixos.
O caráter mais pessoal da sua liderança conferiu, porém, a Obama, uma boa reputação entre os líderes da nação mais populosa do mundo, em comparação com os seus predecessores, que eram tendencialmente mais firmes.
Desde 2010, quando o governo norte-americano avançou com uma estratégia nacional de colocar o enfoque na região Ásia-Pacífico, a China tornou-se frequentemente o bode expiatório das acusações dos norte-americanos, que frequentemente citavam ataques informáticos e problemas de liberdade de navegação no Mar do Sul da China.
Jin Canrong, vice-diretor da Faculdade de Estudos Internacionais da Universidade Renmin, relata que Obama testemunhou a passagem de poder de Hu Jintao para Xi Jinping.
Após a mudança na liderança, a China manteve-se contida face à mudança da política americana.
“Houve confrontos estratégicos entre os dois países, mas também diálogos bem-sucedidos durante a presidência de Obama”, disse Jin.
O renovado Diálogo Estratégico e Económico China-EUA tem tido lugar anualmente e tem fortalecido os laços bilaterais em muitos aspetos.
“Do ponto de vista geral, as relações sino-americanas não sofreram quaisquer mudanças drásticas durante a administração Obama”, declarou Jin, acrescentando que a discórdia entre a Casa Branca e o Pentágono tiveram também impacto nas relações bilaterais entre os dois países mais influentes no cenário mundial.
O facto da Parceria Transpacífico — um acordo comercial entre 12 países do Pacífico — não incluir a China, é detida como uma falha da administração Obama por Sun Chenghao, investigador assistente no Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Relações Internacionais Contemporâneas.
A decisão dos EUA de colocar o sistema de mísseis THAAD na península coreana provocou também graves preocupações em países vizinhos como a Rússia e a China.
As decisões de Obama de rever a política climática dos EUA e a coordenação nas negociações em torno da crise nuclear do Irão, resultando num acordo em julho de 2015, receberam reações positivas por parte da China. O ponto mais alto foi consumado com o Tratado de Paris, assinado em abril de 2016.
Os analistas acreditam que a chegada do presidente-eleito Donald Trump à Casa Branca, irá estar na base de várias questões delicadas para a China, após este assumir o poder na próxima semana.