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Eleições nos EUA: Relações sino-americanas, no cômputo geral, permanecerão inalteradas

Fonte: Diário do Povo Online    10.11.2016 14h51

Por Wen Xian

Após uma longa caminhada eleitoral, o candidato do partido republicano dos EUA, Donald Trump, venceu a contenda pela presidência. Atendendo à atual conjuntura americana e às profundas mudanças a ocorrer no cenário mundial, os desafios que aguardam Trump são inúmeros.

Há cerca de meio mês atrás, no dia 22 de outubro, Trump revelava em Gettysburg o seu plano de mudança para os primeiros 100 dias enquanto presidente. Este é o mais recente conjunto de medidas concretas avançadas pelo republicano, desde que assumira a candidatura à Casa Branca. O plano destaca, entre outros 10 itens, a exerção de pressão no Congresso para a reduzir e simplificar os impostos da classe média norte-americana. Perante a atual situação, é possível deduzir que Trump procurou inovar no paradigma do processo de campanha política, assim como tentou criar uma rutura com o atual modelo de governação.

Se a primeira premissa não se afigurava fácil, o mesmo se poderá dizer da segunda. Cada país tem os seus dilemas. No caso dos EUA, existem a disparidade entre ricos e pobres, injustiça social, conflitos étnicos, imigração ilegal, entre várias outras atribulações que contribuem para um agravamento da insatisfação da população. Todas estas contrariedades terão que ser abordadas por parte do novo governo americano.

Do ponto de vista do resto do mundo, um dos pontos centrais da eleição de Donald Trump diz respeito à direção tomada pela política externa do país. É indubitável que a eleição do republicano terá um impacto no plano internacional, no qual as relações sino-americanas estão integradas. No cômputo geral, estas não deverão sofrer alterações. Ambos os países inauguraram um “novo modelo de relacionamento entre potências mundiais” – tendo por base os interesses e ambições de ambos os povos. O impulsionamento salutar das trocas comerciais e económicas assume-se como um importante canal para esse fim.

O binómio das relações sino-americanas, enquanto um dos mais importantes do mundo, é, como seria de esperar, um dos focos de atenção das campanhas eleitorais norte-americanas. A pertinência desse fator revela-se em áreas onde existe a convergência de interesses das duas partes. Por exemplo, o comércio bilateral sino-americano apurou no ano passado um valor de mais de 550 bilhões de dólares. As estimativas apontam para que, no ano de 2024, seja ultrapassado o marco de um trilhão de dólares.

Porém, é claro que também existem divergências. Mas, mais importante que isso, é o reconhecimento mútuo de um enquadramento no qual são criadas condições para gerir e reprimir os pontos de discordância. A evolução das relações sino-americanas nem sempre é harmoniosa e, nem mesmo sob os parâmetros acordados no “novo modelo de relacionamento entre potências mundiais”, será privada de momentos dissonantes.

A história confirma que os EUA e a China, enquanto potências estabelecidas, provaram já ser capazes de debelar, de forma construtiva, questões sensíveis entre eles, assim como cooperar ativamente em várias áreas, tanto a nível regional como global.

Particularmente nos últimos anos, os dois países incrementaram de forma consciente a confiança mútua estratégica, através de vários encontros entre os seus líderes,tanto na China, como nos Estados Unidos.

A Consulta de Alto Nível de Intercâmbio Humano e o Dialogo Estratégico e Económico Sino-americano, concluíram já as suas sétima e oitava edição, respetivamente, das quais foram obtidos resultados frutíferos.

Enquanto maior país em desenvolvimento do mundo e maior potência do mundo desenvolvido - enquanto duas maiores economias do mundo - a China e os EUA têm a responsabilidade de assegurar a paz e a estabilidade mundiais e promover o crescimento próspero do mundo. Nos últimos anos, a entreajuda no combate às alterações climatéricas, segurança energética, entre vários outros desafios de índole mundial, como as crises da Península Coreana e do Irã, Afeganistão e Síria, tem-se revelado um sucesso.

Um relacionamento amistoso entre a China e os EUA corresponde aos interesses dos povos de ambos os países, assim como vai também de encontro às expectativas do resto do mundo. O futuro, tal como Xi Jinping referiu no telegrama enviado a Donald Trump, deverá compreender um “impulso das relações sino-americanas a um novo patamar, beneficiando os povos dos dois países e do mundo inteiro”.

(O autor é um ex-correspondente da sucursal do Diário do Povo na América do Norte)