Diário do Povo: EUA adotam posturas contraditórias nos dois conflitos no Oriente Médio

Fonte: Diário do Povo Online    27.10.2016 17h02

Os dois conflitos em decurso no Oriente Médio estão no centro das atenções de todo o mundo: o assalto a Mossul, despoletado pelo governo iraquiano, e o ataque a Aleppo, desencadeado pelo governo sírio. O Diário do Povo, na sua coluna “Zhong Sheng”, comentou que, embora existam semelhanças, o mundo ocidental, representado pelos EUA, adota uma postura assimétrica em relação às duas batalhas em questão.

Mossul e Aleppo são as duas maiores cidades do Iraque e da Síria, respetivamente, ambas com mais de um milhão de pessoas. O Estado Islâmico (ISIS), que controla atualmente Mossul, e a Frente al-Nusra, entrincheirada em Aleppo, são duas organizações terroristas classificadas pela ONU. As operações militares engrenadas pelos dois governos, em nome do combate ao terrorismo, têm por finalidade a retoma dos territórios perdidos, sendo ambas apoiadas pelos EUA e Rússia. Perante os dois combates, os EUA, por um lado, apoiam o ataque contra Mossul, por outro, obstruem as operações em Aleppo, intercedendo pela Frente al-Nusra e limitando o combate contra o terrorismo protagonizado pela Rússia e Síria. Alegando ser difícil fazer a distinção entre a oposição e os terroristas, os EUA acusam a Rússia e Síria de causar transtornos humanitários. 

O texto defende que os EUA adotam posturas divergentes em relação às batalhas supracitadas, motivadas por interesses também eles distintos. Os tumultos no Iraque surgiram devido à interferência militar norte-americana, que derrubou o regime de Saddam Hussein. Ao decorrer de muitos anos, os EUA investiram avultados recursos para garantir a estabilização da situação iraquiana, que, se continuar a se degradar, deverá pôr em causa a reputação internacional norte-americana. Deste modo, é do interesse de Washington garantir a efetividade das operações antiterroristas naquele país. O governo Obama escolhe, portanto, esta altura para apoiar o governo iraquiano a lançar um ataque contra Mossul, em certo grau, motivado pela propaganda abonatória à candidatura de Hillary nas presidenciais, refere a coluna. 

No caso da solução da questão Síria, os EUA e alguns países ocidentais estabelecem como pré-condição o derrubamento do regime de Bashar al-Assad. Hoje em dia, essa condição é “politicamente correta” nesses países. O fato comprova que a pré-condição é, na verdade, um grande obstáculo para a resolução da questão. Do ponto de vista geopolítico, a interferência da Rússia dá um xeque mate aos EUA neste enorme tabuleiro de xadrez do Oriente Médio. 

Por último, o cerne da questão Síria abrange, não só a contradição entre a manutenção da ordem atual e o apelo à reforma, como também os conflitos entre etnias e facções religiosas, expansão do terrorismo, e jogo geopolítico entre potências. Atualmente, o combate em Aleppo é o ponto focal do jogo entre a Rússia e os EUA, sendo que a batalha em Mossul está também relacionada com a questão Síria. Com o aprofundamento das crispações entre potências, será progressivamente mais difícil encerrar o problema. Por fim, quem mais tem a perder é a população síria. 

(Web editor: Renato Lu, editor)

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