Por Peter Williamson
Vivemos numa época de incerteza, em meio a dificuldades econômicas e políticas na esfera global que se manifestam no abrandamento econômico, proliferação do protecionismo e nacionalismo, e na propagação de tensões políticas e do terrorismo.
Perante os desafios, a comunidade internacional deposita grandes expectativas nos frutos obtidos na cúpula do G20, em Hangzhou, sendo estes indicativos do potencial da cooperação global.
A China propôs um estímulo por parte dos países do G20 no investimento em infraestruturas, promoção de reformas, aposta na inovação e na eliminação de barreiras à aplicação de novas tecnologias, assunto no qual foram já obtidos alguns avanços.
A título de exemplo, em junho passado, os ministros de Agricultura do G20 decretaram algumas medidas para impulsionar a cooperação e a partilha de tecnologias agrícolas.
Mais se acrescenta que a China tem dado o exemplo do novo caminho de crescimento a ser trilhado, por meio da sua “reforma do lado da oferta”.
“Uma governança financeira e econômica global mais eficiente” deve ser acompanhada pelo aumento das vozes dos países em desenvolvimento e dos mercados emergentes nas organizações internacionais.
A China convidou países como o Laos, Chade, Senegal, Tailândia, Cazaquistão e Egito para a cúpula de Hangzhou, promovendo assim uma maior quota destes países e, deste modo, maior influência na gerência da instituição.
No que diz respeito ao comércio internacional e ao investimento, penso que a cúpula se focalizou na carência de recursos financeiros para o investimento em infraestruturas globais.
O G20 propôs estabelecer uma aliança de interconectividade para este fim, lançando novas medidas que estimulem o investimento, em colaboração com o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), Fundo da Rota de Seda, a iniciativa “Um Cinturão e Uma Rota”, e o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics.
Todos os temas acima referidos estão vinculados com o “desenvolvimento inclusivo e interconectivo”, que depende dos esforços de todas as partes envolvidas.
Os membros do G20 devem, em primeiro lugar, promover uma reforma na governança energética e diminuir a dependência do petróleo. Simultaneamente devem incentivar a utilização de tecnologia verde, de modo a realizar a transferência destas tecnologias dos países avançados para os países em desenvolvimento.
A definição de consensos nunca é uma operação fácil, no entanto, o “consenso de Hangzhou´’ pode ser considerado um avanço essencial. O diálogo construtivo e a cooperação entre os países é a melhor forma de lidar com desafios.
(O autor é o professor de Gerência Internacional da Escola de Comércio Judge da Universidade de Cambridge)