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Cooperação acadêmica Brasil, China e Lusofonia: Entrevista com Rossana de Souza e Silva

Fonte: Diário do Povo Online    18.07.2016 13h47

Por Mauro Marques e Renato Lu

A Universidade das Relações Internacionais, com sede em Beijing, organizou no dia 17 um seminário acadêmico para debater estratégias de integração entre a China e os países de língua portuguesa no enquadramento da iniciativa chinesa “Um Cinturão e uma Rota”, do qual participaram várias individualidades ligadas ao estudo das relações entre a China e a lusofonia.

Rossana Valéria de Souza e Silva

Rossana Valéria de Souza e Silva, docente da Universidade de Brasília e diretora executiva do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, foi uma das conferencistas, tendo presidido à palestra “As relações China-Brasil: 40 anos de parceria dinâmica”.

A professora se disponibilizou a responder a algumas questões do Diário do Povo Online sobre o panorama de cooperação acadêmica entre o Brasil, a China e os países falantes de língua portuguesa.

Na qualidade de professora universitária, Rossana começa por indicar que a importância da China enquanto parceiro parceiro estratégico para o Brasil “em diversos setores, no âmbito comercial, económico e empresarial, de forma geral”, tem aberto portas para “…um interesse muito grande no âmbito educacional. Cada vez mais nós temos, por exemplo, mais estudantes no Brasil interessados em aprender o Mandarim”.

Cooperação acadêmica e mobilização são conceitos a reter: “As universidades brasileiras têm muito interesse no desenvolvimento de programas de cooperação envolvendo as universidades chinesas. Tanto no que diz respeito à mobilidade de estudantes, em todos os níveis, como também de professores e pesquisadores. Por exemplo, eu represento aqui uma rede de universidades, formada por 72 universidades. Nós temos muito interesse em receber os pesquisadores chineses de todas as áreas porque as nossas universidades são multidisciplinares. Temos possibilidade de receber e de enviar pesquisadores para diferentes âmbitos que são considerados estratégicos no Brasil. Como também para a China. Como falamos nesse seminário, a questão da infraestrutura e da energia, são temas que para nós são considerados prioritários e estratégicos”.

Macau é um foco de cooperação a ter em conta: “Macau tem uma importância significativa em função do idioma, o que possibilita uma aproximação muito grande entre o Brasil e os demais países de língua portuguesa com a China continental. No âmbito, por exemplo, das relações da cooperação internacional universitária há iniciativas como a FORGES, da qual eu faço parte, que é o Fórum de Gestão da Educação Superior dos Países e Regiões de Língua Portuguesa. Chegamos a realizar um evento e a discutir planos estratégicos envolvendo Macau. Então, também ressalto que na minha avaliação como professora universitária, Macau tem, de fato, uma posição estratégica no que diz respeito à localização, ao idioma… e também pelo link que existe entre Macau e Portugal e às possibilidades de desenvolvimento de projetos movendo os demais países de língua portuguesa”.

A manutenção das relações com os países de língua portuguesa é, para a professora, um ponto de interesse para o Brasil: “O Brasil tem muito interesse em manter a relação com os países de língua portuguesa, tanto que participa da CPLP. Além disso, nós temos também no âmbito educacional das universidades, a associação de universidades de língua portuguesa e isso, de fato, é uma prioridade e um ponto estratégico no desenvolvimento da cooperação internacional”.

A nossa entrevistada analisou, por fim, a importância do seminário: “Considero essa iniciativa muito importante, porque não discute apenas temas da cooperação da China com os países de língua portuguesa, mas também com questões internas da China e da sua política de desenvolvimento. Outro aspeto muito importante também no seminário é que demonstra que o desenvolvimento de um país não pode ser feito sem considerar a sua vizinhança. Tão forte seremos enquanto pudermos observar não só aquilo que nós queremos para o nosso país, mas para o que queremos para os demais países da nossa região e de outras regiões”.