A participação dos dois países no banco dos BRICS e do Brasil na iniciativa chinesa do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) contribuirá para esses objetivos.
"Apesar da economia brasileira ter contraído, temos uma demanda reprimida nestes setores. O lucro é garantido, trata-se de uma boa área para investir, inclusive porque a demanda por infraestruturas é mais estável", explicou Serra.
"A melhoria da infraestrutura brasileira é um requisito fundamental para a redução dos custos, aumento da competitividade e do crescimento econômico brasileiro", disse.
"Quanto melhores forem as condições da logística no Brasil, ou seja, melhores portos, estradas, conexão com o Pacífico, maiores benefícios teremos para o comércio entre os dois países", assinalou o chanceler brasileiro.
Serra explicou também que a nova política externa brasileira dará prioridade a iniciativas pragmáticas no campo comercial, removendo barreiras e ampliando a entrada dos produtos e serviços brasileiros em outros mercados, incluindo o chinês.
"Queremos uma estratégia unificada e abrangente. Todos os temas pertinentes, exportações, agricultura, defesa comercial e regulamentos técnicos, devem ser tratados de maneira harmônica. O nosso objetivo é evitar que temas de relevância tenham tratamento apenas burocrático", sublinhou.
O ministro disse que um aumento de poder aquisitivo dos chineses mais pobres tende a aumentar a demanda por alimentos, o que favorece o Brasil.
"A China promoveu uma mudança na curva de demanda em escala internacional. A demanda por alimentos subiu graças à China, e em menor medida à Índia. Nesse salto para cima na curva de demanda entra a economia brasileira, de forma muito oportuna", disse.
O chanceler indicou que o aumento na venda de carnes para a China é algo recente e muito positivo para a relação bilateral, depois de um período de quase três anos de interrupção das vendas por questões sanitárias.
"Em maio passado, a China se converteu pela primeira vez no maior importador de carne bovina in natura brasileira, mas ainda há muito espaço para aumentarmos as vendas, conforme mais frigoríficos forem sendo habilitados a exportar", disse.
Serra reafirmou também o compromisso do governo brasileiro com os BRICS, e assegurou que "o único interesse do Brasil é o fortalecimento do mecanismo".
"No meu discurso de posse deixei claro que aproveitaremos todas as oportunidades oferecidas pelo BRICS e outros mecanismos regionais. O futuro que visualizamos é o de trabalhar em conjunto em projetos bem definidos, que gerem resultados tangíveis para nossas sociedades", disse.
A nova configuração global torna mais difícil a consulta entre os principais atores, mas não impossível, como evidenciado pelo acordo sobre mudanças do clima de Paris, onde "foi fundamental a posição construtiva dos BRICS", destacou o chefe da diplomacia brasileira.
"Queremos desenvolver uma visão de futuro, de natureza estratégica, para o aproveitamento do grande potencial que temos. É claro que não apenas os BRICS, mais os países emergentes em geral, adquiriram um nível de relevância muito mais elevado, que inclusive, a atual conjuntura de maior volatilidade e menor crescimento não alterará", ressaltou.
Serra expressou sua convicção de que o BRICS deve avançar nas iniciativas que permitam aumentar o comércio, os investimentos e a cooperação entre os países.
"O BRICS não pode prescindir de uma forte vertente econômica comercial, e o Novo Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas são dois exemplos excelentes de que o grupo pode atuar de maneira, ao mesmo tempo, criativa, inovadora e eficiente", disse José Serra.
Edição: Rafael Lima
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