BEIJING, 19 de maio (Diário do Povo Online0 - O Baijiu, uma espécie de pinga chinesa destilada a partir de grãos de milho-zaburro, trigo e arroz, é a aguardente mais consumida do mundo. Apesar disso, a bebida permanece praticamente desconhecida fora da China.
Vários empresários estrangeiros têm tentado tornar a bebida mais popular entre os não chineses.
Um bartender do Capital Spirits prepara um coquetel feito de baijou. BRUNO MAESTRINI/CHINADAILY
No verão de 2014, quatro estrangeiros residentes na China - William Isler, Simon Dang, Matthias Heger e Johannes Braun- abriram um pequeno bar em um ‘hutong’ histórico no centro de Pequim, afirmando ser o primeiro bar do mundo exclusivo para drinks preparados com baijiu.
O bar recebeu o nome de Capital Spirits (Aguardente da Capital, em português), e logo se tornou um local procurado pelos estrangeiros, desafiando, assim, a ideia de que o baijiu não se enquadra no gosto dos estrangeiros e dos chineses das gerações mais novas.
Clientes esperam para serem servidas com um coquetel de baijiu.BRUNO MAESTRINI/CHINA DAILY
O que o bar fez foi simplesmente mudar a maneira como a tradicional pinga chinesa é consumida. Em vez de oferecer a bebida na garrafa para ser bebida pura, o Capital Spirits vende ela misturada em elegantes coquetéis.
"Vários fabricantes de Baijiu vieram aqui para perguntar se nós poderíamos replicar em grande escala o que fazemos aqui, especialmente fora da China", explicou William, co-fundador da Capital Spirits. "O engraçado é que o bar começou como um hobby e agora temos uma oportunidade real de negócio."
"O baijiu pode se tornar uma bebida internacional muito bem sucedida. Na verdade, a tendência atual do mercado global é vender produtos artesanais de linha Premium com sabores diferenciados. Mas o baijiu ainda necessita que ele seja apresentado de forma adequada ao mundo ocidental", acrescentou William.
Uma bartender do Capital Spirits serve um coquetel feito de baijou. BRUNO MAESTRINI/CHINADAILY
No ano passado, o total de vendas do baijiu no varejo atingiu 508 bilhões de yuans (78,7 bilhões de dólares), segundo a empresa de consultoria ‘Mintel’.
No entanto, uma campanha de austeridade nacional, que começou em 2012, impactou as vendas da bebida no mercado interno, forçando os fabricantes a olharem para os mercados internacionais. Outro fato importante é a expectativa de que o mercado interno encolha nos próximos anos uma vez que os jovens chineses deverão preferir beber bebidas importadas como uísque.
Além do lento crescimento, as exportações da bebida ainda são insignificantes se comparadas ao consumo doméstico.
O Baijiu, uma espécie de pinga chinesa destilada a partir de grãos de milho-zaburro, trigo e arroz, é a aguardente mais consumida do mundo
No período de janeiro a setembro de 2015, a China exportou 2,9 bilhões de yuans em baijiu. A bebida é exportada principalmente para os países do nordeste e sudeste asiático através de centros de distribuição em Hong Kong e Singapura. Especialistas do setor calculam que as exportações da bebida representam apenas 1% da produção total.
Tornar a bebida popular no ocidente continua a ser uma estratégia crucial para os fabricantes de Baijiu conquistarem os corações dos chineses da geração Y e “atrai-los de volta para casa”.
Edição: Rafael Lima