A economia da China manterá uma trajetória “em forma de L” devido ao peso das pressões descendentes e ao esbater do impulso de crescimento. Assim assinalou uma “personalidade relevante” ao Diário do Povo numa entrevista publicada ontem (9).
O crescimento económico do país, que mergulhou até ao seu nível mais baixo após a crise financeira mundial, não irá recuperar num movimento “em forma de U” ou em “forma de V”, sendo que continuará com uma senda “em forma de L” no futuro, segundo essa fonte.
O Diário do Povo, o jornal do Partido Comunista da China, não revelou o nome da fonte, sendo que o termo “personalidade relevante” é comummente utilizado para se referir a funcionários de alta patente.
A fonte indicou que o crescimento económico da China permaneceu estável e “dentro do esperado”, mas advertiu para problemas latentes, como a bolha imobiliária, o excesso de capacidade industrial, atrasos na liquidação de empréstimos ou empréstimos sem retorno, a dívida dos governos locais, e os riscos dos mercados financeiros.
A alavancagem económica é referida como o motivo principal por detrás das situações de risco nos mercados de divisas, valores, títulos, obrigações e créditos bancários, segundo a fonte.
Na opinião do entrevistado, o país deveria fazer da desalavancagem financeira uma prioridade, abandonando a “fantasia” de estimular a economia mediante a flexibilização monetária. O país necessita de atuar de forma decisiva contra o incremento do crédito vencido em vez de o esconder.
A economia tem um potencial enorme, alto nível de adaptação e uma ampla flexibilidade, o que assegura que a economia não se irá afundar, mesmo que não se apliquem medidas de estímulo, refere.
A China irá evitar aplicar um plano de estímulo massivo para potenciar o crescimento. Este teria efeitos a curto prazo mas traria muitas incógnitas e riscos a longo prazo. Ao invés desta via, o país elegeu o caminho de desenvolvimento mais complexo, mas mais sustentável, da reforma estrutural pelo lado da oferta, de acordo com a fonte.
O mercado de valores, o de divisas e o imobiliário deveriam recuperar a sua função original em vez de serem usados como pilar do crescimento económico, afirmou a fonte.
Edição: Mauro Marques