Os pais de Wei Zexi, um aluno de ciência de computadores da Universidade Xidian, na província de Shaanxi, que faleceu perante um tipo raro de cancro, aguardam numa casa mortuária em Xianyang, a 13 de Abril.

O governo chinês destacou uma equipa para investigar o grupo Baidu, após a empresa ter sido contestada por um paciente de um hospital, que entretanto morreu, de ter indiretamente credibilizado informações de tratamento médico enviesadas.

A equipa de investigação é composta por oficiais da Administração do Ciberespaço da China (CAC, em inglês), Comissão Nacional de Planeamento Familiar e Administração Nacional para a Indústria e Comércio – o regulador da atividade publicitária online.

Jiang Jun, porta-voz da CAC, disse que os resultados da investigação serão tornados públicos.

A Baidu, empresa listada na Nasdaq, tem estado sobre pressão pública desde que este casal afirmara online que o seu filho de 21 anos morrera de cancro, após ser submetido a um tratamento de imunoterapia controverso num hospital de Beijing.

As ações da Baidu, caíram 6,8% em Nova Iorque entretanto.

Wei Zexi, aluno de ciência de computadores da Universidade Xidian, na província de Shaanxi, faleceu de sarcoma sinovial, um tipo raro de cancro, a 12 de abril. O paciente foi submetido por 4 vezes desde setembro a um tratamento que usava células criadas pelo sistema imunitário do próprio paciente para matar as células cancerígenas.

Os pais disseram que o filho teria tomado conhecimento do tratamento e do hospital em questão no motor de busca Baidu, e que o hospital constava em segundo lugar na lista de resultados de pesquisa relativamente àquela doença.

Antes de morrer, Wei partilhou ainda a sua experiência no website de pergunta e resposta “Zhihu”, descrevendo o tratamento como inútil e criticando a política de disponibilização de endereços do motor de busca por seguir um critério essencialmente mercantil.

A “listagem paga” é um modelo de publicitação na internet usado para remeter mais pessoas aos sites que recorrem ao serviço.

Em comparação com outros motores de busca, como a Google, que faz uma distinção clara entre os endereços que subscrevem este serviço (atribuindo uma cor diferente à hiperligação), a Baidu não estabelece qualquer diferenciação óbvia. Este tipo de endereços apenas contêm dois pequenos carateres acinzentados que referem que se trata de publicidade.

Os pais do lesado referiram que não irão avançar para tribunal, destacando apenas a necessidade de avisar outras pessoas na mesma situação de que a terapia a que o filho foi submetido é inútil.

A Baidu disponibilizou-se a cooperar com as investigações.

A imprensa avançou que o centro de tratamento biológico a operar no hospital onde Wei recebera a terapia não fazia parte do hospital, tratando-se de uma empresa subcontratada a uma outra firma privada, violando, por isso, a lei.

As autoridades dirigiram-se ao centro e encerraram as suas operações. O hospital recusou-se a comentar a situação.

Edição: Mauro Marques