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O destino de Cuba não vai ser decidido pelos Estados Unidos, mas pelos próprios cubanos, diz Obama

Fonte: Diário do Povo Online    22.03.2016 09h43

O presidente de Cuba, Raúl Castro, e o presidente Barack Obama participam de uma conferência de imprensa no Palácio da Revolução, em Havana, capital de Cuba, em 21 de março de 2016. (Xinhua / Joaquín Hernández)

HAVANA, 21 mar (Diário do Povo Online) -- Os presidentes de Cuba, Raúl Castro e dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram nesta segunda-feira em afirmar que o processo de normalização das relações bilaterais avança, mas que o caminho a seguir será longo e complexo.

Numa conferência de imprensa conjunta realizada no Palácio da Revolução, sede do governo da Ilha, os mandatários reiteraram sua disposição e vontade de continuar a passos firmes o processo anunciado em 17 de dezembro de 2014, quando informaram sobre o reestabelecimento dos laços diplomáticos entre ambos os países.

Neste sentido, Castro enfatizou a necessidade de enriquecer a atual relação a partir de uma convivência respeitosa e civilizada que contribua para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento das duas nações.

Não obstante, Obama sublinhou que o mais relevante é ter dado os primeiros passos para cimentar uma relação de um novo tipo sem precedentes na história de Cuba e dos Estados Unidos.

Sobre isto, o presidente americano disse se tratar de um "novo dia" para os dois países, afirmando que acolherá qualquer diálogo construtivo e com atitude de respeito mútuo capaz de ajudar nos trabalhos conjuntos.

O presidente americano também disse que sua administração seguirá avançando para ampliar as oportunidades de cooperação com Cuba, pedindo ainda que o Congresso suspenda o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo seu país a ilha de forma unilateral desde 1961.

Além disso, Obama sublinhou o progresso nos acordos de colaboração assinados até o momento, o que para ele reflete a disposição de ambos os países em continuar fomentando essas ligações.

Sobre a reunião oficial que manteve mais cedo durante mais de duas horas com seu homólogo cubano, Obama disse que eles mantiveram uma conversa franca e honesta, na qual analisaram os resultados alcançados nestes 15 meses de reestabelecimento das relações.

Neste sentido o chefe de Estado norte-americano reiterou que continuará advogando o respeito aos direitos humanos e a democracia, aspectos gélidos da relação bilateral, devido às profundas diferenças que existem entre ambos os países sobre o assunto.

Isto não significa que seu governo pretenda se intrometer nos assuntos internos da Ilha, pois de acordo com Obama, "o destino de Cuba não vai ser decidido pelos Estados Unidos nem por outra nação; o futuro será decidido pelos cubanos (...) nós achamos que a mudança deve vir de dentro".

Por fim, Castro reiterou seu pedido pelo fim do bloqueio, para o qual se requer adotar novas medidas com o objetivo de "desmantelar" essa política hostil, e instou pela devolução do território de Guantánamo ocupada ilegalmente por uma Base Naval norte-americana, como elementos obrigatórios para a normalização das relações entre os dois países.

Edição: Rafael Lima