BRASILIA, 15 mar (Diário do Povo Online) -- O ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, Jaques Wagner, afirmou ontem que o governo tem os votos necessários na Câmara do Deputados para impedir o afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Wagner admitiu que as manifestações deste domingo mostraram a insatisfação da população com a classe política, mas enfatizou que o governo tem os 172 votos necessários na câmara para barrar o impeachment contra a presidente, acusada pelas chamadas pedaladas fiscais.
Na primeira coletiva de imprensa de um líder do governo depois que cerca de três milhões de brasileiros saíram às ruas em todo o Brasil para protestar contra a corrupção e contra o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), Wagner disse que uma das razões dessas manifestações é a difícil situação econômica.
“Avaliamos que há, sim, uma rejeição, e que o povo está cansado da classe política. Não tem ninguém fazendo oposição ou sendo propositivo. Assim como o empresário que está cansado de tanta indefinição”, disse.
Com relação a possibilidade dos protestos darem novo impulso ao impeachment de Dilma Rousseff, o ministro disse que o governo pode bloquear o processo na Câmara dos Deputados.
Esta semana o Supremo Tribunal Federal (STF) deve responder aos questionamentos relativos ao "rito" do impeachment, acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados e opositor de Dilma, Eduardo Cunha.
Cunha, que por sua vez está sendo julgado por corrupção na Suprema Corte e na Comissão de Ética da Câmara, anunciou que tão logo o STF se pronuncie, ele imediatamente vai avançar com o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
De acordo com Jaques Wagner, o governo necessita reagir para melhorar o ambiente econômico e intensificar o diálogo com os partidos da base aliada do governo.
No último sábado, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do vice-presidente Michel Temer, postergou por 30 dias a definição de uma possível saída da coalizão governamental.
Para o ministro, o descontentamento popular deve promover uma reforma política "efetiva" que ponha fim as distorções que levaram a crise atual.
Com relação a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem pesa um mandato de prisão preventiva por suposta ocultação de patrimônio, Jacques Wagner afirmou que se está criando uma ideia de que Lula é o líder de um grupo criminoso.
Eu acho que tem gente babando sangue querendo provar (que o ex-presidente cometeu crimes) e ele virou o troféu para ver quem pega primeiro”
O ministro-chefe também acusou o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação "Lava Jato" que investiga o escândalo de corrupção na petroleira estatal Petrobras, de tentar "criminalizar a política".
"Houve um plano traçado pelo Moro, ele está quase chegando ao seu objetivo, que é criminalizar a política. Vocês já viram algo tão espetaculoso que durou tanto tempo?,” questionou.
O ministro se mostrou preocupado com as consequências da delicada situação política porque ela pode dar lugar ao surgimento de um "salvador da pátria".
Edição: Rafael Lima