“A China tem feito esforços consistentes e é sincera sobre melhorar as relações com o Vaticano”, diz porta-voz chinês

Fonte: Diário do Povo Online    04.02.2016 15h46

A China disse nesta quarta-feira que o Vaticano deve adotar uma política pragmática e flexível no que tange as relações entre os dois lados. A declaração foi feita após o Papa Francisco ter enviado seus melhores votos e cumprimentos ao presidente Xi Jinping e ao povo chinês por ocasião das celebrações do Ano Novo chinês.

Segundo Lu Kang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, “a China tem feito esforços consistentes e é sincera sobre melhorar as relações com o Vaticano...Nós também esperamos que o Vaticano tome uma atitude pragmática e flexível e que crie condições para melhorar as relações bilaterais”. 

Nesta terça-feira (2) a revista Asia Times, de Hong Kong, publicou uma entrevista com o Papa Francisco na qual o pontífice envia uma mensagem ao presidente Xi e cumprimentos ao povo chinês pelo Ano Novo Lunar, que este ano cai no dia 8 de fevereiro. 

A entrevista ocorreu na semana passada no Vaticano, quando uma delegação chinesa teria visitado a Santa Sé, segundo informações do portal de notícias The Huffington Post. Citando um recente artigo publicado pelo jornal italiano Corriere della Sera, o portal de notícias americano disse que a China poderia aceitar a escolha de novos bispos pelo pontífice a partir de uma lista aprovada pelas autoridades chinesas, sobre a égide de um acordo “alcançado entre os dois lados”. 

Houveram especulações acerca de um acordo entre a China e o Vaticano quando Zhang Yinlin foi consagrado bispo em uma igreja católica de Anyang, na província de Henan, em agosto de 2015. Zhang foi o primeiro bispo reconhecido tanto por Beijing como pela Santa Sé desde 2012, quando a consagração de alguns bispos sem a aprovação do Vaticano impactou negativamente os laços entre os dois lados.

Para Yan Kejia, diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Academia de Ciências Sociais de Shanghai, este “poderia se tornar um ‘modelo chinês’ que ambos os lados poderiam explorar sobre a forma de se nomear os bispos na China”.

O “modelo chinês” seria diferente do “modelo vietnamita”, no qual os bispos nomeados tanto pelo Vaticano como pelo Vietnã são selecionados e aprovados pela Santa Sé. Para Liu Guopeng, pesquisador associado do Instituto de Estudos das Religiões Mundiais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a China pode querer ter mais voz no que diz respeito a cooperação bilateral com o Vaticano na ordenação dos bispos.

“É improvável que os dois países retomem a atitude de indiferença em relação ao outro uma vez que a mentalidade da Guerra Fria foi abandonada. A China percebeu a necessidade de se integrar e interagir ativamente com a comunidade internacional. Os dois lados têm poderes significantes e dividem a responsabilidade de promover a paz e a estabilidade mundial, proporcionando uma base para o diálogo e a cooperação, ” disse Liu.

O Ministério das Relações Exteriores da China não se pronunciou sobre a possibilidade de uma visita há muito esperada do Papa Francisco à China. Entretanto, Liu disse que os líderes dos dois países, que compartilham de forte carisma político e estão promovendo reformas corajosas e resolutas, podem conduzir as relações a resultados surpreendentes e promissores.

Edição: Rafael Lima 

(Editor:Renato Lu,editor)

Destaques

Crise de refugiados: Pelo menos 10,000 crianças desaparecidas após chegarem à Europa

Mais lidos