Autoridades chinesas monitorizam vila no centro do país suspeita de estar associada à atividade jihadista

Vendedores uigures examinam pedras de jade no mercado de Zhenping.

Criança uigur reza numa mesquita temporária na vila Shifosi.

Lar de uma das maiores comunidades uigures na China fora da região autónoma de Xinjiang, Zhenping, na província de Henan, é considerada uma estação de serviço dos jidahistas que abandonam Xinjiang para se juntarem à causa no médio oriente. A cidade tem estado a sofrer várias sanções económicas, tendo sido instaurado um clima de tensão devido às medidas anti-terroristas implementadas. Os trabalhadores migrantes uigures que aqui vivem lutam contra a probreza, a barreira linguística e a alienação cultural.

Quando Ehmed (pseudónimo), um vendedor de jade uigur, chegou a casa do trabalho no dia um de junho, encontrou cerca de uma dúzia de polícias armados em torno da sua casa na vila de Shifosi, no município de Zhenping (província de Henan).

A sua esposa e filhas estavam ansiosamente à sua espera. As filhas mais novas procuravam abrigo nos braços da mãe.

Um oficial da polícia aproximou-se, perguntando-lhe o seu nome, ocupação e se poderia dar informações sobre os seus vizinhos.

Apenas lhe terá ocorrido que os outros inquilinos, três famílias de uigures que ocupavam o edifício juntamente com a sua família, podessem por ventura estar envolvidas em atividades terroristas, possivelmente na manufatura de explosivos.

O município de Zhenping, que alberga uma considerável população de uigures, tem sido exaustivamente monitorizado pelas equipas de combate ao terrorismo da China, tendo sido idenficado como um ponto de transição para novatos do estado islâmico em viagem para o médio oriente.

“Tanto eu como a minha família ficamos chocados. Eles pareciam pessoas comuns, tal como nós. Nós não falavamos muito. As pessoas estão constantemente a vir e a mudarem-se.”, disse Ehmed, um homem nos seus 50’s que se mudara para Shifosi em 2014. Ele recusou-se a revelar o seu nome ou a dar mais quaisquer informação dos seus vizinhos detidos.

A habitação de Ehmed na aldeia Hezhuang na vila Shifosi era um edifício rudimentar de três andares, com um exterior de cimento por pintar e portas verdes no interior. As janelas no segundo e terceiro andares estavam seladas com baras de ferro para prevenir assaltos.

A família de Ehmed terá alugado dois quartos no primeiro andar, enquanto as restantes três famílias detidas ocupavam os segundo e terceiro andares. Os quartos eram de cimento e tinham muito poucos elementos decorativos. A família inteira de Ehmed, de 5 elementos, dorme no mesmo quarto, sem cama, num colchão velho no chão.

As escadas foram revistadas pela polícia. A família de Ehmed foi ordenada a evacuar o edifício no espaço de um mês, tendo o contrato de arrendamento sido invalidado.

A vila de Hezhuang tem vários edifícios deste estilo, sendo que a maioria está alugada a uigures, 70% deles provenientes da zona Hotan, no sul da região de Xinjiang.

O município de Zhenping é um foco da indústria do jade e alberga mais de 4,000 uigures, tendo este número caído vertiginosamente para 1,800 no ano passado.

Tradução: Mauro Marques