LHASA, 8 de setembro (Xinhua) - Uma cultura de aparência incomum com espigas de vermelho escuro e folhas de roxa-verde está florescente ao longo das margens e vales dos rios Lhasa e Yarklungtsangpo, apesar de uma seca contínua no teto do mundo.
"Uma colheita abundante de quinoa está prevista para este outono no Planalto Qinghai-Tibet", disse Gongbo Tashi, professor do colégio agrícola da Universidade do Tibet, que introduziu a cultura na China.
Um campo de 3 mil mu (200 hectares) de quinoa produzirá 250 mil quilos do grão, informou Huang Zhaogang, presidente de uma empresa de quinoa e sócio comercial de Gongbo Tashi.
A quinoa tem sido cultivada nos Andes na América do Sul há mais de 5 mil anos, no entanto, seus benefícios à saúde, tais como conteúdo alto de proteínas e minerais, só atraiu recentemente a atenção global.
É tão nutritiva que a Nasa a usa para alimentar seus astronautas em missões espaciais, tornando-a um candidato para o Sistema de Apoio de Vida Ecológica Controlada em espaçonaves, que plantará culturas.
Especialistas indicam que a quinoa responde bem aos ambientes controlados com grande aumento de produção de semente, manutenção sob baixa estatura de copa e maior índice de colheita.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura nomeou 2013 o Ano Internacional de Quinoa em reconhecimento de sua "contribuição potencial para a luta contra a fome e a subnutrição".
Gongbo Tashi teve a ideia de introduzir a cultura no Tibet depois de ler um relatório sobre o assunto em um jornal inglês em 1987.
Ele disse que a quinoa era muito adaptável e seria adequada para as áreas de alta altitude, usualmente 3 ou 4 mil metros acima do nível do mar, fazendo o Planalto Qinghai-Tibet uma nova casa desejável para a planta.
Gongbo Tashi procurou apoio tecnológico de um produtor dominante de quinoa nos Estados Unidos em 1987.
Depois, ele estudou no Centro Internacional de Melhora de Milho e Trigo no México em 1988, onde frequentou aulas de Norman Borlaug, laureado pelo Prêmio Nobel 1970 que foi chamado de "pai da Revolução Verde" e "o mais importante porta-voz da agricultura".
Gongbo Tashi trouxe sementes para o Tibet e, no início da década de 1990, o governo tibetano aprovou o projeto de cultivo da quinoa.
Depois de alguns experimentos fracassados, Gongbo Tashi e sua equipe cooperaram com Huang e cultivaram com êxito a planta na Província de Qinghai, noroeste da China. Desde 2010, eles têm plantado a quinoa em grande escala nos distritos tibetanos de Lhoka, Chushu e Lhatse.
Durante mais de 20 anos, sua equipe criou algumas novas variedades para se adaptar ao ambiente e a condição do planalto, nomeando uma das variedades de "Sonho Tibetano de Quinoa". Eles esperam que a quinoa se torne a primeira comida produzida no Tibet a ser exportada ao exterior.