Visita de Li Keqiang ao Brasil vai focalizar a Ferrovia Transoceânica

BEIJING, 19 de maio (Diário do Povo Online) - O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, chegou a Brasília na segunda-feira, horário local, iniciando sua visita oficial à América Latina, que abrange o Brasil, Colômbia, Peru e Chile. Li Keqiang vai assinar uma série de acordos de cooperação econômica e comercial, nos quais se destaca o projeto da Ferrovia Transoceânica, que liga o Oceano Atlântico e o Pacífico.

Em uma coletiva à imprensa realizada antes da viagem do premiê chinês, o assessor do ministro do Comércio da China, Tong Daochi, disse que Li Keqiang vai assinar um documento sobre os estudos de viabilidade da Ferrovia Transoceânica com os países concernentes para iniciar o processo de pesquisa.

“A Ferrovia Transoceânica, se for concluída, terá o mesmo valor com o Canal do Panamá e o Canal de Suez, podendo transportar mais produtos latino-americanos para a China e dar contributos para promover a logística entre a China e América Latina, ” disse Wang Yusheng, diretor executivo do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação da Pesquisa das Questões Internacionais da China.

O conceito da “Ferrovia Transoceânica” foi apresentado pelo presidente chinês, Xi Jinping, durante sua visita à América Latina em junho passado, ocasião em que a China, o Brasil e o Peru divulgaram uma declaração conjunta sobre a cooperação na Ferrovia Transoceânica e assinaram um memorando sobre a cooperação no setor ferroviário. Xi Jinping frisou que a China dá grande importância às cooperações de benefício recíproco nas áreas de construção de infraestruturas com os países latino-americanos, sugerindo que a China, o Brasil e o Peru criassem uma equipe de trabalho para estudar a viabilidade do projeto.

Quatro meses depois, o presidente peruano, Hollanta Humala, visitou a China para comparecer à cúpula da Apec, assinando com a China um memorando sobre os estudos de viabilidade da construção da Ferrovia Transoceânica. Mais tarde, o presidente chinês Xi Jinping e sua homóloga brasileira, Dilma Rousseff, prometeram, na Cúpula do G20, que os dois países vão promover a facilitação do comércio e materializar os avanços da constrição dos projetos ferroviários.

O embaixador brasileiro na China, Valdemar Carneiro Leão, disse em uma recente entrevista que entre a última visita de Xi Jinping e a presente visita de Li Keqiang, a China, o Brasil e o Peru realizaram várias reuniões de nível empresarial para discutir a viabilidade da Ferrovia Transoceânica.

“O projeto está na fase inicial. Esta ferrovia pode promover a ligação do Brasil com a região Pacífico-Asiática, baixar o custo de transporte e estimular a exportação brasileira. Ao mesmo tempo, a China pode importar mais produtos latino-americanos com um preço mais barato, por isso, será um resultado de benefício mútuo, ” disse Leão.

A eventual Ferrovia Transoceânica será a primeira linha ferroviária que atravessa todo o continente sul-americano, se tornando o tronco de transporte na região.

A Ferrovia Transoceânica terá uma distância total de 5 mil quilômetros, dos quais, 2 mil serão a linha existente e 3 mil serão construídas. Pelo estudo chinês, o melhor plano é a linha que parte do norte do Peru e termina no leste do Brasil, através da Cordilheira dos Andes e da região centro-oeste do Brasil, revelou Xie Wenze, pesquisador adjunto do Instituto da Pesquisa da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

Segundo Xie, a construção desta ferrovia pode facilitar o transporte dos produtos e promover a integração das infraestruturas na América Latina, tais como a construção de parques industriais, empresas de processamento, além de impulsionar o investimento e o crescimento econômico na região.