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Visita de Li Keqiang ao Brasil pode promover a transformação e atualização das relações sino-brasileiras

Fonte: Diário do Povo Online    13.05.2015 14h36

Por Zhou Zhiwei

BEIJING, 13 de maio (Diário do Povo Online) - O preimiê chinês, Li Keqiang, iniciará, na próxima segunda-feira (18), sua visita aos quatro países latino-americanos, e o Brasil será a primeira parada. A presidente brasileira, Dilma Rousseff, disse em uma recente entrevista com o veículo de imprensa chinesa que espera a visita de Li Keqiang a favorecer ao comércio e investimento bilateral, cooperação científica e financeira, sistema do Brics, e Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), entre outros. Sem dúvida, a visita do premiê chinês está na hora certa para o Brasil que está sofrindo a pressão de recessão econômica. Por isso, para a opinião pública, a realização do acoplamento de oferta e procura entre a China e Brasil será o maior foco desta visita importante.

No setor comercial, a China e o Brasil precisam de estabelecer novas relações de oferta e procura. Com o abrandamento do crescimento econômico da China e a redução dos preços dos commodities no mercado internacional, o comércio sino-brasileiro em 2014 diminuiu em 7%. Tratou-se do segundo crescimento negativo do comércio bilateral desde 1999 (o primeiro crescimento negativo aconteceu em 2012, de 3%). Nos primeiros quatro meses deste ano, o comércio bilateral reduziu em 19% em comparação com o mesmo período do ano anterior, entre o qual a redução da exportação do Brasil à China representa 32%. Portanto, o comércio sino-brasileiro focalizado nos produtos primários na última década está enfrentando grandes desafios.

Durante a visita de Li Keqiang ao Brasil, os dois países vão assinar acordos para levantar a proibição da exportação da carne bovina brasileira à China. Mesmo assim, o comércio bilateral não pode se recuperar em curto prazo, especialmente o Brasil pode continuar enfrentando déficit comercial no comércio sino-brasileiro nos próximos anos. Quanto à expansão dos tipos de produtos exportados à China, o Brasil propôs aumentar a exportação de café, produtos agrícolas processados, e serviços comerciais, entre outros. Porém demora um longo período para pôr em prática essas políticas. Com a situação atual, a realilzação de livre comércio mencionada pela presidente Dilma na entrevista ainda carece de condições maturas.

Por outro lado, a cooperção sino-brasileira no setor de investimento está em bom andamento. Em primeiro lugar, a taxa de investimento é baixa no Brasil, sobretudo com o encolhimento do mobilidade do mercado internacional nos recentes anos, a demanda brasileira dos capitais estrangeiros continua aumentando. Segundo, a estratégia de exportação de capacidade de produção e equipamentos da China ofereceu oportunidades de cooperação para indústrias chinesas e brasileiras. Nas áreas de construção de infraestruturas e manufatura, a China e o Brasil têm condições para realizar o acoplamento financeiro e tecnológico. Terceiro, o sistema de cooperação integral entre a China e a América Latina definiu os seis setores de chave: recursos energéticos, construção da infraestrutura, agricultura, manufatura, inovação científica e tecnológica, e tecnologia informática. As infraestruturas foram enfatizadas, particularmente os projetos de construção do Corredor Ferroviário Transoceânico. Além disso, Dilma Rousseff expressou na entrevista a vontade brasileira de convidar a China a participar da construção da ferrovia de alta velocidade no seu país. Por isso, prevê-se que os investimentos da China no Brasil terão um crescimento significativo. Segundo a imprensa brasileira, durante a visita de Li Keqiang, a China e o Brasil podem assinar 60 acordos de investimentos, no valor de cerca de 53 bilhões de dólares. Se isso for a verdade, o objetivo de “bimotor de comércio e investimento”, apresentado no Fórum de Cooperação China-Amércia-Latina realizado no ínicio deste ano, poderá ser concretizado no Brasil.

Além das relações econômicas e comerciais, as cooperações integrais entre a China e a América Latina, o mecanismo dos Brics e o BAII também serão temas importantes no encontro dos dois líderes. Em termos de cooperação entre a China e Amércia Latina, a altitude do Brasil está em dilema. Por um lado, com a expansão da economia chinesa, o reforço de cooperação da China para com a Amércia Latina é uma tendência irreversível, e a realização da colaboração sino-latino-americana, sobretudo a promoção do desenvolvimento das infraestruturas na região, corresponde ao objetivo estratégico de “realização de interligação regional”. Mas por outro lado, a ampliação da influência chinesa na América Latina pode diminuir a voz do Brasil na região, o que não corresponde a sua estratégia de “procurar a liderança na região”.

A posição e dedicação do Brasil na cooperação entre a China e a América Latina vai influenciar o ritmo do processo de colaboração. Em relação ao Banco de Desenvolvimento do Brics e ao BAII, a China e o Brasil precisam de coordenar as posições, princípios e planejamentos de cooperação. A visita de Li ainda oferecerá uma oportunidade de consulta para os dois países abordarem as questões de várias áreas para acolher a Cúpula do Brics a ser realizada em junho. Na questão da BAII, o Brasil não só quer ser um dos membros fundadores da instituição, mas também pretende promover a extensão da estratégia chinesa de “Um Cinturão e Uma Rota” para a América do Sul, a fim de realizar a atualização das infraestruturas do seu país e da região sul-americana.

Atualmente, as relações sino-brasileiras estão na fase de transformação e atualização. A transformação focaliza nas áreas econômica e comercial, enquanto a atualização focaliza nas cooperações multilaterais dos dois países. A visita do premiê Li Keqiang será importante para o futuro desenvolvimento das relações bilaterais. Por um lado, seá estabelecido o “novo motor” das realções econômicas e comerciais sino-brasileiras para promover a sustentabilidade das cooperações comerciais, e por outro lado, será reforçada a colaboração financeira nas setores multilaterais entre os dois países e enriquecida a cooperação na governança global das relações bilaterais.

Zhou Zhiwei: diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto Latino-Americano da Academia Chinesa de Ciências Sociais 

(Editor:Alexandra Chen,editor)

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