Mauro Marques, Lu Yang, Fu Yuanyuan
A convite do Partido Comunista da China (PCCh), a presidente do Partido dos Trabalhadores do Brasil (PT), Gleisi Hoffmann, visitou a China, liderando uma delegação constituída por dirigentes nacionais e deputados brasileiros.
A deslocação contemplou a participação em seminários, reuniões com membros do governo chinês e visitas a museus e empresas locais.
Na reta final da agenda, na capital chinesa, o Diário do Povo Online entrevistou Gleisi Hoffmann, abordando tópicos como as relações China-Brasil, o intercâmbio interpartidário PCCh-PT e o balanço da visita.
Questionada sobre o simbolismo de 2024 ser um ano em que se celebram as efemérides do 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil e o 40º aniversário da parceria entre o PCCh e o PT, Hoffmann argumenta que servem de pretexto para "avançarmos mais nas relações".
"É muito importante frisar que o presidente Lula fez uma das suas primeiras viagens internacionais à China. Exatamente para demonstrar a importância dessa parceria", afirma, enfatizando que foi durante a presidência de Lula que as relações bilaterais foram aprofundadas.
O resultado dessa aproximação traduz-se, também, na posição cimeira que a China ocupa atualmente no plano comercial com o Brasil: "As nossas grandes exportações de grãos e de minério vêm à China e a China dá uma oportunidade de negócios grandes para o Brasil".
"Os países têm muitas complementaridades, sinergia, e nós queremos investimentos chineses também no Brasil".
A presidente do Partido dos Trabalhadores do Brasil (PT), Gleisi Hoffmann, concede uma entrevista ao Diário do Povo Online, em Beijing, em 11 de abril. (Foto: Lu Yang/Diário do Povo Online)
No que diz respeito à participação no VII Seminário Teórico PCCh-PT, no qual foram abordados temas como a governança e a exploração de vias de modernização alinhadas com as circunstâncias de cada país, Hoffmann frisa que "ambos os partidos têm como objetivo melhorar a vida do povo. É o povo que interessa para nós".
"Toda a nossa estrutura, governança e organização tem que ser voltada para isso. Essa é a grande sinergia que tem entre o Partido Comunista da China e o Partido dos Trabalhadores. E nós tratamos disso: do desafio de modernizar, se atualizar e se renovar permanentemente para a gente cumprir com esse objetivo", clarifica.
Mesmo com realidades nacionais distintas, "o conteúdo é muito parecido em termos de objetivo", afirma.
Tendo visitado a escola de formação do PCCh, Gleisi Hoffmann destaca o investimento na formação teórica e formação de quadros como um aspeto em que o PT pode estreitar a colaboração com o PCCh. "Isso dá qualidade de atuação", sublinha.
Para o efeito, a entrevistada anunciou o acordo para um seminário com professores da escola de formação da China, no Brasil, onde serão aprofundados aspetos da história, missões e governança do PCCh. Está ainda previsto o envio de uma turma à China para uma formação na escola do PCCh em 2025.
"Achamos que a relação dos partidos pode impulsionar cada vez mais a relação dos países. É por isso que nós estamos também buscando uma aproximação maior", reitera.
Quanto à carta de felicitações enviada pelo presidente Xi Jinping ao seminário, a entrevistada revela satisfação: "Ele tem inteira razão no que ele fala. O Brasil é um grande país. A China é um grande país. Eu acho que a união e a relação bilateral entre esses países, com respeito, com visão de desenvolvimento independente - mas compartilhado - ajuda nas relações do mundo".
"Nós queremos uma outra ordem mundial: sem hegemonismos, sem violência, em que a gente possa se desenvolver na paz. E todos os países podem ajudar nisso. Então o papel do Brasil e da China são fundamentais na relação sul-sul, mas também na influência global", afiança.
Em jeito de reciprocidade, Gleisi Hoffman adianta que no final do ano, em novembro, "esperamos o presidente Xi, para a reunião do G20 e também para um encontro com o presidente Lula".
"Queremos aprofundar essas relações", conclui.