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Brasil marca presença na WIC 2023 no leste da China

Fonte: Diário do Povo Online    10.11.2023 15h52

Por Beatriz Cunha e Fu Yuanyuan

Rafael Evangelista, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, na WIC 2023 (Foto: Fu Yuanyaun/Diário do Povo Online)

O Brasil marcou presença na Cúpula Wuzhen da Conferência Mundial da Internet (WIC) 2023, inaugurada na quarta-feira (8) na milenar cidade aquática de Wuzhen, na província de Zhejiang, leste da China.

Desde 2014, o evento recebeu cerca de 12 mil participantes de 172 países e regiões. Este ano, em sua 10º edição, o evento contou com a presença de Rafael Evangelista, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), que concedeu entrevisa exclusiva ao Diário do Povo Online.

Rafael mostrou grande admiração pelo desenvolvimento tanto da internet quanto tecnológico alcançado pela China nos últimos anos. Para ele, o resto do mundo, em especial o sul global, pode aprender e muito com o país asiático.

O conselheiro da CGI apontou como temas de interesse comum o incentivo à pesquisa e à inovação, que podem fomentar o desenvolvimento alcançado pela China, e enfatizou a importância da “construção de políticas públicas para proteger a própria economia e fazer com que ela possa crescer”.

Rafael, que participa pela primeira vez da WIC, ficou impressionado com “a grande estrutura do evento, o apoio dado aos participantes e a diversidade de contribuições”, disse ele, observando que o WIC se destaca dos demais eventos da internet global por focar no desenvolvimento tecnológico e não somente na governança da internet.

No que tange a Intelingência Artificial (IA), Rafael defende a necessidade da tecnologia ser incorporada de maneira igualitária. “Acho que é um desafio para os países do sul Global conseguir investir e equiparar investimento frente as grandes empresas que controlam essa tecnologia hoje”, ponderou ele, defendendo a distribuição equitativa dos lucros advindos da coleta de dados da internet, tratados como bem comum.

Como conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Rafael, aproveitou a visita à China não somente para conhecer a WIC, sua infraestrutura e a forma de debater a Internet, mas também para convidar a organização da WIC e as autoridades chinesas para participarem da NET Mundial +10, prevista para ocorrer em abril ou maio do próximo ano no Brasil.

O evento NET Mundial +10 celebrá 10 anos desde o primeiro encontro, NET mundial, e pretende discutir a governança da internet. Num panorama global, ele acreditar que será uma oportunidade de reflexão e pretende “construir parcerias principalmente envolvendo os países do sul para ter um encontro mais politicamente diverso possível”, afirmou ele.

Em relação à parceria Brasil-China, as “trocas culturais e as trocas políticas ainda são tímidas para o potencial que eu vejo”, avaliou Rafael acrescentando que é possível ampliar este intercâmbio entre os dois povos, mantendo suas respectivas identidade e maneiras de fazer as coisas, para “produzir um outro balanço político no mundo”, considerou ele.

De acordo com o conselheiro, o Brasil pode aproveitar o modelo da China como estímulo, adquirindo maior conhecimento em relação à regulação de plataformas, de dados pessoais e da IA.

“O Brasil ainda tem uma relação muito próxima com os Estados Unidos e Europa e deveria ter mais relações Sul-Sul, olhar para isso como inspiração e com menos preconceito”, defendeu ele.

A experiência de sucesso do Brasil, em relação ao multisetorialismo, pode agregar valor na relação Brasil-China. O Brasil “conseguiu construir uma tradição política um pouco mais equilibrada dessa relação entre os diversos setores, academia, o setor técnico, os empresários e governo”, observou ele.

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