Por Mauro Marques e Zhang Rong
O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, Bernardo Mendia, no Terceiro Fórum Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional.
O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), Bernardo Mendia, concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online nesta terça-feira (17), por ocasião da sua participação no Terceiro Fórum Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional.
Reconhecendo o interesse e a vontade de abrir uma delegação da CCILC na China, o entrevistado começou por referir a importância da Iniciativa Cinturão e Rota para dirimir as diferenças entre os países mais prósperos e os mais carenciados, para promover a atividade comercial, a difusão de narrativas construtivas e o aprofundamento e diversificação do dinamismo económico, algo que já vinha ganhando forma “mesmo antes de 2013, quando a iniciativa foi oficialmente lançada”.
Bernardo Mendia destaca casos de sucesso, como a Quinta da Marmeleira, e chama a atenção para “o ambiente positivo, as circunstâncias que foram criadas”, aludindo ao memorando de entendimento assinado em 2018 pelos governos da China e de Portugal, aquando da visita de Estado de Xi Jinping a Portugal.
“Quando esse acordo foi assinado, foram assinados 18 acordos. Portanto, daí surgiram, desde logo, alguns negócios e investimentos que são muito positivos, porque significam crescimento económico, significam prosperidade social, e significam paz”, afirma.
A Região Administrativa Especial de Macau, devido às ligações históricas com Portugal e com a comunidade dos países de língua portuguesa, onde a CCILC também tem presença, desempenha um papel relevante no intercâmbio entre todas as partes.
“Neste momento, Macau tem realmente muitos instrumentos. Não só através da Grande Área da Baía, como através da ilha da Montanha, Hengqing, e, portanto, deve-se focar, e é isso que temos visto realmente a acontecer nesses dois projetos, para fazer a ligação à Belt and Road”.
No que concerne ao caso específico dos países de língua portuguesa, o entrevistado realça o facto de se comemorar a efeméride dos 20 anos da criação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) e a necessidade de foco “nesses instrumentos que já foram criados por Beijing e que estão disponíveis para ser utilizados”.
Nesse enquadramento, a CCILC cumpre o papel de, “sobretudo, demonstrar essas vantagens, incentivar os empresários de parte a parte a visitarem os mercados, criar as parcerias”.
O caso dos têxteis mereceu particular ênfase pela sua importância “tanto para um país como para o outro país”, devido à vocação natural de ambos para a exportação.
“Temos, por um lado, a China, com enorme capacidade em termos de escala, de produção, e, também, recentemente, com investimento na parte da formação universitária, e temos Portugal, que é um dos países mais desenvolvidos a nível europeu, melhor posicionado nos rankings, com mais empresas, e muito avançado do ponto de vista tecnológico”.
O têxtil automóvel, “um setor de nicho, que requer uma tecnologia muito avançada”, é elencado como um caso de sucesso de cooperação sino-portuguesa, fruto de investimento português na China, “o que é a prova do investimento direto estrangeiro tanto num lado como no outro”.
Relativamente ao contributo que a Iniciativa Cinturão e Rota pode garantir para a recuperação económica global, o entrevistado salienta a importância dos postos de trabalho criados e das infraestruturas, “que são fundamentais, não só as físicas como as de telecomunicações”, nos países beneficiários de investimento.
“Isto não pode ser afirmado vezes demais, porque é uma evidência. É algo que sabemos e que temos que insistir”, assevera.
“Por outro lado, cria um incentivo a outros países que não estavam tão abertos a este tipo de iniciativa a criar os seus próprios programas”, conclui, justificando a sua importância para os países em desenvolvimento e para as populações que enfrentem situações de pobreza.