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Brasil e China unidos sobretudo pelas diferenças culturais

Fonte: Diário do Povo Online    28.05.2019 16h32

Por Beatriz Cunha e Zhang Rui

Em 2019, a China e o Brasil completam 45 anos de relações diplomáticas, que vem se desenvolvendo de maneira sólida, trazendo benefícios tanto para o povo chinês quanto para o povo brasileiro.

Para entender mais sobre a troca entre os dois povos, o Diário do Povo Online entrevistou dois estudantes brasileiros, Leonardo Claudio da Rosa, e Samuel Nunes Sant’Anna, que experienciam o estudo da língua chinesa em Beijing através do Instituto Confúcio.

A professora Anna Sun, responsável pelo setor de bolsa de estudos do Instituto Confúcio na Universidade de Comunicação da China (CUC, na sigla em inglês), afirma que desde a criação do Instituto na CUC, o número de estudantes brasileiros vem aumentando a cada ano, assim como o nível de conhecimento do mandarim.

Segundo a professora, a grande maioria dos alunos opta por dar continuidade aos estudos e matriculam-se em cursos de língua chinesa. Além disso, muitos são os alunos bolsistas que permanecem na CUC e dão continuidade aos seus estudos realizando licenciaturas e mestrados em áreas distintas, como publicidade.

Leonardo e Samuel, dois brasileiros que se destacam dentre muitos outros estudantes, compartilharam com o Diário do Povo Online suas impressões sobre a China, sua cultura milenar e os choques enfrentados em vista da diferença cultural com o Brasil. Ambos veem a importância da continuidade das relações diplomáticas entres os dois países.

Leonardo estuda mandarim, e afirma ter iniciado seus estudos de modo casual, tendo encontrado no Instituto Confúcio um facilitador para estudar na China enquanto realiza sua graduação em letras.

Samuel fez uma transição de cursos, abdicando do curso de física para estudar na licenciatura de chinês para estrangeiros, pois vê o mandarim como uma excelente forma de se diferenciar no mercado de trabalho.

Primeira impressão

Já na China, Leonardo fica impressionado com a população chinesa, que é numerosa. Além disso, fica intrigado com o fato de ser possível manter um alto nível de ordem e de segurança.

Samuel diz que a China possui uma cultura muito tradicional embora os chineses sejam simultaneamente muito focados no futuro. Ele vê os chineses como um povo criativo e inovador, este detalhe pode ser evidenciado até mesmo em convívio com o corpo docente na universidade.

Diferenças

A cultura brasileira e a cultura chinesa possuem nuances muito distintas. Leonardo destaca o lado social. Para ele o ato de convidar uma pessoa para fazer uma refeição em um restaurante e pagar a conta do restaurante, por exemplo, pode receber outras interpretações no Brasil, enquanto que na China trata-se apenas de um gesto de amizade, que deve ser retribuido de mesmo modo. Ou seja, é de bom grado convidar a pessoa num segundo momento, e então pagar-lhe a refeição. Sem que isso signifique nenhum tipo de interesse emocional.

Lugares interessantes para viajar

Samuel aponta Xi’an como uma cidade interessante para ser visitada, em especial porque a mesma já foi capital da China por três dinastias, possuindo muitos prédios e arquiteturas antigas, o que, segundo ele, evidencia o teor histórico da cidade. Ao mesmo tempo, Xi’an é muito bem organizada e estruturada, possuindo também prédios muito altos, o que, de certa forma, caracteriza um choque de tempos muito interessante, tanto quanto o que ocorre em Beijing. Para Samuel a diferença entre Xi’an e Beijing está no fato de que a a modernização em Beijing está cada vez mais sobrepondo-se ao antigo. Fazendo desta uma cidade mais atual e internacional.

Projetos entre China e Brasil

Para o estudante Samuel, um projeto que gostaria de desenvolver e que beneficiaria o Brasil seria o ensino do mandarim para os brasileiros, de modo a ampliar as possibilidades de trabalho para os mesmos. Samuel acredita que o comércio entre a China e o Brasil pode ajudar o mercado brasileiro.

Leonardo defende que seria muito interessante a existência de um instituto de divulgação da cultura brasileira na China que possa se assemelhar ao Instituto Confúcio e o papel que este desempenha no Brasil. Defende que isso aproximaria as duas culturas, que para ele no momento estão divididas por uma “muralha muito forte”, que causa a inexistência, ou o pouco diálogo entre as duas culturas.

“Atualmente recebemos muito da China, e precisamos de mesmo modo retribuir e trazer mais do Brasil para a China”, afirma Leonardo. Segundo ele, o uso do conhecimento do idioma local é importante para promover maior diálogo entre a cultura brasileira e a cultura chinesa.

Impressões sobre os 45 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a China

Na visão de Samuel, é importante que as relações diplomáticas entre ambos os países se mantenha de modo consistente, já que, de acordo com suas pesquisas, até 2018 a China era o maior parceiro comercial do Brasil. E isso é importante, pois ajuda a economia do Brasil, e influencia no modo de vida dos brasileiros.

Crescendo como tem crescido, “se a China puder levar para o Brasil um pouco da tecnologia, e dessa ideia de ir para a frente, de tentar melhorar e progredir, isso será muito positivo” para o povo brasileiro, diz Samuel. 

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